Esta é a lenda de Iria, a jovem cujas virtudes, beleza e sabedoria encantavam os moradores daquela que é hoje a cidade de Tomar.
Nascida de uma das famílias mais poderosas da terra, recebeu esmerada educação, tendo entrado num convento beneditino, governado pelo seu tio, o Abade Célio.
Apesar disso, não passava despercebida aos olhos dos rapazes. Um deles, Britaldo, filho do governador da cidade, apaixonou-se por ela com determinação tal que adoeceu por não ver a sua paixão correspondida.
Iria, ao sabê-lo, visitou-o reafirmando a sua total dedicação a Deus e que só a Ele e a nenhum homem se entregaria.
Porém, um frade que era responsável pela sua educação, Remígio, também não conseguiu ficar indiferente à sua formosura e, massacrado pelos ciúmes, deu-lhe a beber uma poção que lhe fez inchar a barriga, como se estivesse grávida.
Expulsa do convento, ao julgarem ter quebrado os votos de castidade, também Britaldo foi enganado pelo feitiço e, julgando que a jovem tinha sido infiel às suas palavras, mandou a um seu criado que a matasse, quando orava junto da margem do rio Nabão.
O corpo foi atirado ao rio, no local onde depois foi construído o Convento com o seu nome, mas o rasto de sangue que deixou ao longo de todo o seu percurso permitiu que, seguindo-o ao longo do Nabão, do Zêzere e do Tejo, o encontrassem, incorrupto, frente a Santarém.
Ainda hoje, a cada 20 de outubro, dia da padroeira de Tomar, as pétalas lançadas ao rio continuam a evocar o seu martírio.